O Tratamento Neuroevolutivo (NDT) e a Pesquisa Científica Contemporânea. Construindo a ponte.

Os três pilares da evidência científica segundo Sackett, 2000 são: O Paciente, a Experiência Clínica, A Pesquisa Científica.

É da integração desses tres pilares estruturantes que surge a reabilitação do paciente de uma forma eficiente. Observe, portanto, que o reconhecimento da evidencia científica é fundamental para o sucesso do tratamento. Assim, para o paciente com disfunções neurológicas, o valor dessa afirmativa é a garantia de que ele será realmente atendido em sua demanda relatada pelos pais e garantirá uma escuta por parte do terapeuta em relação à principal demanda.
O terapeuta com formação e atualização no Tratamento Neuroevolutivo – Conceito Bobath assegura uma excelente alternativa para o paciente com disfunção neuromotora. O paciente é avaliado de acordo com suas queixas principais e as hipóteses para o tratamento serão aventadas e implementadas. O sucesso do tratamento é fundamentalmente dependente da experiência clínica do terapeuta e de suas habilidades para avaliar e conduzir o tratamento segundo os modelos atuais da Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) e da neurociência contemporânea.
As pesquisas científicas permitem incorporar continuamente novos conhecimentos e fazer avançar a eficácia do tratamento, pela introdução de novas práticas, simulações, mobiliários, roupas, medicamentos, bem como pela utilização de modelos de mensuração da melhora do paciente.
Assim, a informação advinda do paciente, a experiência clínica do terapeuta e a pesquisa são essenciais e indissociáveis para o sucesso da terapia.
Algumas dessas pesquisas foram realizadas por profissionais com experiência clínica e com formação na Abordagem Neuroevolutiva (NDT). Esses trabalhos permitiram a realização de testes com formatos de comprovada eficiência para medir a melhora. Por exemplo, o teste TIMP, realizado por terapeutas formados na abordagem, Girolami, G e cols, 2000, valida a eficácia do Tratamento Neuroevolutivo no acompanhamento de bebes pré-termos que adquiriram controle postural do tronco em idade adequada.
Atualmente, já existem instrutores do Conceito Bobath que atuaram em suas clínicas por mais de trinta anos e após esse longo período de experiência baseado na prática realizaram mestrados e doutorados em universidades dos Estados Unidos e Europa. Os afazeres da prática clínica não os estimularam a disseminarem suas experiências com trabalhos científicos na clássica forma de publicações, apenas com comprovações de melhora em vídeos e estudos de caso. Entretanto, muitos trabalhos inovadores, relevantes advieram como resultado de toda essa prática. Esse trabalho não foi perdido e alguns, ao adentrarem nas universidades como docentes, os resultados de seus estudos e pesquisas foi considerado de extrema consistência. Foram profissionais que conseguiram formular perguntas exatas para realizar pesquisas academicamente formais e comprovar sólidas evidencias científicas advindas de sua grande vivência clínica. Temos, na atualidade, diversos artigos e livros publicados que dão a fundamentação teórica para a prática clínica baseada no Tratamento Neuroevolutivo. Apesar disso, existem ainda críticas e preconceitos para com os terapeutas do Conceito Bobath. Isso decorre talvez do fato de não conseguirem ainda perceber que os terapeutas, instrutores desse Conceito, já realizam o tratamento tendo como base os modelos de teorias da neurociência atual, como a Teoria do Controle Motor ou da Aprendizagem Motora que embasam as suas estratégias de tratamento.
Devido à fabulosa experiência clínica, devido ao literal manuseio dos pacientes, os terapeutas do Conceito Bobath têm facilidade de criar práticas de atividades funcionais altamente eficazes, utilizando esses já consistentes modelos teóricos. Eles têm a habilidade de manejar e manusear o paciente com disfunções neurológicas para que ele realize tarefas com uma boa base de suporte, bom alinhamento biomecânico e boa estabilidade postural o que proporciona ganhos para que ele possa desempenhar eficientemente suas atividades funcionais, pois são esses os pré-requisitos para a realização de uma função no caso de um paciente que tem deficiência em suas estruturas corporais e em seus sistemas orgânicos.
Helenice Soares de Lacerda
Fisioterapeuta, Especialista e Instrutora do Curso Básico do Tratamento Neuroevolutivo.

Referencias Bibliográficas .
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